

Interesse Político
O governo italiano atualmente passa por momentos difíceis em função da crise econômica e foca a sua administração na resolução dos problemas internos do país como a falta de emprego, imigração ilegal e instabilidade política.
Além disso, temos que recordar a situação diplomática entre os dois países. No dia 31/12/2010, último dia do mandato do então Presidente do Brasil Luis Inácio Lula da Silva, foi negada a extradição do ex‐ativista Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália pela suposta autoria de quatro assassinatos na década de 1970.
No dia 19 de novembro de 2009, o STF autorizou a extradição de Battisti para a Itália, revogando a decisão do então Ministro da Justiça Tarso Genro, depois de sucessivos movimentos diplomáticos da Itália para pressionar o Brasil a entregar o ex‐ativista.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) entenderam que o refúgio concedido pelo governo brasileiro a Cesare Battisti foi irregular. Os magistrados consideraram que Battisti não era um perseguido político e por isso não teria direito ao refúgio, mas decidiram deixar a palavra final sobre a extradição ao presidente.
Cesare Battisti liberado após Lula negar extradição. (Veja matéria)
Lula resolveu manter o italiano e divulgar sua posição a poucas horas de deixar a Presidência da República para evitar que a presidente eleita, Dilma Rousseff, tivesse que deliberar sobre o caso.
Além disso, em fevereiro de 2010, a 2ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio de Janeiro condenou o ex‐ativista a dois anos de prisão, em regime aberto, por ter entrado no país com passaporte falso. Battisti recorreu da condenação e o processo ainda está em andamento. Segundo o Ministério da Justiça, Battisti pode cumprir a pena no Brasil prestando serviços comunitários e pagando uma multa de dez salários mínimos (R$ 5,1 mil).
Essa “proteção” oferecida pelo governo brasileiro ao ex‐ativista não foi bem aceita pelo povo italiano e, principalmente, pelo governo.
Outra preocupação do governo italiano em relação aos processos de reconhecimento da cidadania italiana é em relação aos votos que os “novos” italianos podem gerar.
O sistema eleitoral da Itália funciona em base ao número da população. A atual Câmara dos Deputados é formada por 630 deputados, enquanto o senado por 315. Desses, 12 deputados e 06 senadores são eleitos pelos eleitores que residem fora da Itália.
Na circunscrição do Brasil e da Argentina são eleitos 04 deputados e 02 senadores.
Considerando os números abaixo de italianos e descendentes em todo mundo, a composição da Câmara dos Deputados e do Senado Italiano ficaria assim, caso todos obtivessem o reconhecimento da cidadania italiana:

Congresso italiano. Foto: (Reuters)


Poucos sabem, mas essa é a maior barreia para acabar com as filas da cidadania italiana.